terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Bento XVI: por que o atacam, por que o escutam

A polêmica gerada nos meios de comunicação pela revelação de fragmentos do livro de entrevistas com o Papa Bento XVI, onde se menciona o uso de preservativos, é exagerada. Essa é a opinião do jornalista e escritor vaticanista Aldo Valli, autor de “A verdade do Papa. Por que o atacam, por que escutá-lo” (La verità del Papa. Perché lo attaccano, perché va ascoltat), recém-publicado.

Para Valli, o livro de entrevistas de Peter Seewald com o Papa Bento XVI, "Luz do mundo", apresentado hoje no Vaticano, "não diz nada novo”.

"Na verdade, a atenção devia estar na forma nova, muito clara, com a qual o Papa expressa seu pensamento”, esclarece Valli, correspondente no Vaticano da TV pública italiana RAI.

Ele considera que, com a atitude dos meios de comunicação de centrar a atenção sobre o tema dos preservativos, “se corre o risco de obscurecer o resto do livro, no qual o Papa dá a entender muito bem como viver seu mandato (como um servidor e não como um líder) e qual é o objetivo de sua missão: aproximar novamente o homem de Deus”, afirmou o jornalista.

Ataques e manipulações

Por que tantas vezes a mensagem do Papa fica reduzida a temas polêmicos para a opinião pública? Valli responde: “porque o Papa é um pastor, um intelectual e um homem de cultura que fala da verdade. Também porque fala da justiça. Todos nós, fiéis ou não, devemos nos interrogar sobre este tema”.

Para ele, o Papa é um pontífice que às vezes parece perigoso para a opinião pública, “para quem não quer que exista a verdade, para quem não quer que haja justiça social”.

Inimigo da razão?

Joseph Ratzinger é frequentemente apresentado como um Papa fechado ao diálogo. Entretanto, Valli destaca em Bento XVI  precisamente a virtude contrária: a abertura em seus discursos ao tema da razão, um dos pontos fortes de seu pontificado: “Ele faz uma proposta de fundamental importância para nós e para nossos filhos”, assegura.

"O Papa pede que a cultura contemporânea ocidental reflita sobre o problema da separação entre liberdade e verdade”, acrescenta. Valli considera que o discurso do Papa pode ser “altamente desestabilizador para quem quer o relativismo, para quem pensa que a Igreja não ajuda”.

Um Papa impopular?

Aldo Valli se refere também à comparação que os meios de comunicação costumam fazer entre João Paulo II e a personalidade tímida de Bento XV. “É uma posição incorreta”, adverte.

"É verdade que Bento XVI  é diferente de seu predecessor, que ficava à vontade entre as multidões”. Mas isso traz algumas vantagens e “nos leva a usar outros instrumentos para conhecê-lo, como a leitura dos seus textos”, que revelam um “homem de grandíssima lucidez” e “maturidade interior”.

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