segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A especificidade da arte sacra

Que significa “arte sacra”? A definição do conceito de “arte” é muito complexa. Difícil é também a conotação da noção de “sacro”. Obter uma resposta à pergunta inicial mediante a soma das definições do substantivo “arte” e do adjetivo “sacro” é particularmente árduo e, talvez, infrutífero. Fecundo, em contrapartida, é buscar a identidade da arte sacra nos documentos magisteriais, seguindo seu percurso quase topográfico, em que, mediante observações progressivas, descobre-se qual é o lugar e a finalidade específica da própria arte sacra.

Pode ser útil partir de um documento do Concílio Vaticano II, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, em que lemos: “dedicando-se às várias disciplinas da história, filosofia, ciências matemáticas e naturais, e cultivando as artes, pode o homem ajudar muito a família humana a elevar-se a concepções mais sublimes da verdade, do bem e da beleza e a um juízo de valor universal” .

A arte se coloca entre as disciplinas que elevam o homem, e portanto possui uma autêntica conotação humanística, entendendo o humanismo como cultivatio animi. Esta elevação da família humana acontece mediante o conhecimento do verdadeiro, do bem e do belo. Está clara a referência às características transcedentais do ser, quer dizer, a essas características possuídas por todo aquele que é enquanto é, ou seja, a verdade, a bondade e a beleza, que são perfeições compartilhadas por Deus com toda criação. Está também que a arte se define por uma singular relação com a beleza.

Dado que a noção de arte é muito vasta e plural, é útil fazer referência à distinção entre artes liberais (as artes teóricas, que não implicam um trabalho físico, como a poesia) e as artes mecânicas (as artes que implicam trabalho manual, como a escultura e a pintura). Contudo se trata de uma distinção que o Renascimento já demonstrou superar.

É necessário também enfrentar a distinção entre artes úteis e artes belas. As artes úteis estão dirigidas a fins práticos, enquanto que as artes belas estão dirigidas à beleza. A arte, portanto, vai-se precisando em sua identidade específica, por uma relação particular com a beleza. E é precisamente neste contexto das belas artes onde devemos buscar o lugar da arte sacra. De fato, a beleza da arte expressa a beleza do criado e, por isso mesmo, do Criador, e está portanto constitutivamente aberta em relação a Deus.

Dentro das belas artes se distingue a arte religiosa, quer dizer, uma arte que expressa um sentimento religioso. Dentro, ou melhor, no cume da arte religiosa encontramos finalmente a arte sacra. Aqui torna-se iluminador citar a Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II: “entre as mais nobres atividades do espírito humano estão, de pleno direito, as belas artes, e muito especialmente a arte religiosa e o seu mais alto cimo, que é a arte sacra”.

Poderíamos dizer que entre a obra de arte religiosa e a obra de arte sacra existe a mesma relação que une e separa uma poesia que fala de Deus e uma oração: também a oração é bela, como a poesia, mas tem uma identidade específica diferente. O adjetivo “sacro” atribui-se de fato ao culto, aos ritos, aos lugares, precisamente, sacris, e da mesma forma à arte sacra e suas obras. A arte religiosa converte-se em sacra quando está dirigida ao culto sagrado, ao rito sagrado, para que “sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados”.

Portanto, a arte sacra é integramente arte, mas encontra sua identidade na sacralidade do rito ao que está destinada e que a molda por inteiro, de modo que uma obra de arte sacra deve ser de forma autêntica uma obra de arte, deve de fato estar íntima e completamente dirigida à sacralidade, deve-se fazer espelho das verdades da fé, deve-se fazer celebração e liturgia. Isso impõe uma conotação peculiar da própria obra de arte, tanto que nos documentos magisteriais encontramos também as indicações para distinguir ulteriormente a arte sacra em “autêntica” e “não autêntica”. Este caminho, que leva para uma arte não só bela mas também boa e verdadeira, realista sem exageros, simbólica sem abstrações, é tão importante que precisa de um tratamento à parte.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Unidade dos cristãos é "imperativo moral"

A unidade dos cristãos é um "imperativo moral" pelo qual se deve empenhar sem ceder ao desânimo e ao pessimismo, disse Bento XVI na tarde desta terça-feira, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros.


O Papa presidiu à celebração de encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Em sua homilia, o pontífice falou da necessidade de ser grato, pois nas últimas décadas o movimento ecumênico "alcançou avanços significativos, que tornaram possível chegar a um encorajador consenso e convergência em vários pontos, desenvolvendo entre as Igrejas e Comunidades eclesiais contribuições de estima e respeito mútuo, bem como a cooperação prática para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo".

No entanto, ele reconheceu que "ainda estamos longe da unidade pela qual Cristo rezou e que se reflete no retrato da primeira comunidade de Jerusalém", uma unidade que "não ocorre só em termos de estruturas organizacionais, mas se configura, num âmbito muito mais profundo, como unidade expressa na confissão de uma só fé, na comum celebração do culto divino e na fraterna concórdia da família de Deus".

A busca do restabelecimento da unidade entre os cristãos divididos – disse o Papa – "não pode ser reduzida a um reconhecimento das recíprocas diferenças e à consecução de uma coexistência pacífica".

"O que nós almejamos é a unidade pela qual Jesus rezou e que por sua natureza se manifesta na comunhão de fé, dos sacramentos, do ministério”, e o caminho para alcançá-la deve ser entendido “como um imperativo moral, uma resposta a uma claro chamado do Senhor".

Por isso, "devemos vencer a tentação da resignação e do pessimismo, que é falta de confiança no poder do Espírito Santo".

"Nosso dever é prosseguir com a paixão o caminho para esse objetivo, com um diálogo sério e rigoroso para aprofundar o patrimônio comum teológico, litúrgico e espiritual; com o conhecimento recíproco; com a formação ecumênica das novas gerações e, sobretudo, com a conversão do coração e com a oração", disse.

Exemplo de São Paulo

No caminho da busca da plena unidade visível entre todos os cristãos – afirmou ainda o Papa – "acompanha-nos e nos apoia o apóstolo Paulo", de quem nesta terça-feira se celebrava a festa de sua conversão. Paulo, antes de Cristo aparecer-lhe no caminho para Damasco, “foi um dos mais ferozes adversários das primeiras comunidades cristãs".

Após sua conversão, “foi admitido não só como membro da Igreja, mas também como pregador do Evangelho, junto com os outros Apóstolos, tendo recebido, como eles, a manifestação do Senhor Ressuscitado e o chamado especial a ser instrumento eleito para levar o seu nome perante os povos".

Em sua longa viagem missionária, Paulo "não esqueceu o vínculo de comunhão com a Igreja de Jerusalém", incentivando a coleta em favor dos cristãos daquela comunidade como "não apenas um ato de caridade, mas o sinal e a garantia da unidade e da comunhão entre as Igrejas por ele fundadas e a comunidade primitiva da Cidade Santa, como sinal da única Igreja de Cristo".

"Unidos a Maria, que no dia de Pentecostes estava presente no Cenáculo junto dos Apóstolos, dirigimo-nos a Deus, fonte de todo dom, para que se renove para nós hoje o milagre de Pentecostes e, guiados pelo Espírito Santo, todos os cristãos restabeleçam a plena unidade em Cristo", disse.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Bento XVI: ser humano não é objeto

O Papa quis reafirmar o "altíssimo valor" da vida humana, assim como advertir contra as "tendências culturais que tentam anestesiar as consciências por motivos injustificáveis".

"Nesta linha se coloca a solicitude da Igreja pela vida nascente, a mais frágil, a mais ameaçada pelo egoísmo dos adultos e pelo escurecimento das consciências".

A ciência, segundo o Papa, evidencia a autonomia do embrião, sua capacidade de interação com a mãe, a coordenação dos seus processos biológicos, a continuidade do desenvolvimento, a crescente complexidade do organismo.

"Não se trata de um cúmulo de material biológico, mas de um novo ser vivo, dinâmico e maravilhosamente ordenado, um novo indivíduo da espécie humana", afirmou o Papa.

Por isso, acrescentou, a Igreja sempre reiterou o que o Concílio Vaticano II afirma sobre o aborto e qualquer violação do nascituro: "A vida deve ser protegida desde a concepção com o máximo cuidado".

"Não há nenhuma razão para não considerá-lo uma pessoa desde a concepção", disse.

O homem, prosseguiu o Papa, "tem uma originalidade distintiva sobre todas as outras criaturas que habitam a terra. Apresenta-se como sujeito único e singular, dotado de inteligência e vontade livre, além de estar composto de realidade material".

"Somos, portanto, espírito, alma e corpo. Somos parte deste mundo, ligados às possibilidades e limites da condição material; ao mesmo tempo, estamos abertos a um horizonte infinito, capazes de dialogar com Deus e de acolhê-lo em nós."

A pessoa humana, acrescentou, exige "ser reconhecida como um valor em si" e "merece ser acolhida com respeito e amor para sempre".

Todo homem "tem o direito de não ser tratado como um objeto que se possui ou como algo que pode ser manipulado à vontade; tem o direito de não ser reduzido a puro instrumento para vantagem de outros e seus interesses".

Infelizmente, continuou, "mesmo após o nascimento, a vida das crianças continua estando exposta ao abandono, à fome, à pobreza, às doenças, ao abuso, à violência, à exploração".

O Papa recordou o apelo ao respeito pela vida humana, de João Paulo II, na Evangelium Vitae, e exortou "os protagonistas da política, da economia e da comunicação social a fazerem todo o possível para promover uma cultura sempre respeitosa da vida humana, para buscar condições favoráveis e redes de apoio à acolhida e desenvolvimento desta".

Cristo foi embrião

Este tempo do Advento, explicou o Papa, "nos faz voltar a viver a espera de Deus que se faz carne no ventre da Virgem Maria, de Deus que se faz pequeno, que se torna uma criança".

Este processo de crescimento embrionário "também aconteceu com Jesus no ventre de Maria; e acontece com cada um de nós no ventre da mãe".

Por isso, continuou, "o mistério da Encarnação do Senhor e o início da vida humana estão íntima e harmonicamente conectados no plano salvífico de Deus, Senhor da vida de todos e de cada um".

"A encarnação nos revela com luz intensa e de forma surpreendente que toda vida humana tem uma dignidade altíssima, incomparável."

Acreditar em Jesus Cristo, acrescentou o Papa, "implica em ter um novo olhar sobre o homem, um olhar de confiança, de esperança".

A pessoa "é um bem em si mesmo e é preciso sempre buscar seu desenvolvimento integral", concluiu o Pontífice.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A busca de um consenso moral

As discussões morais e políticas frequentemente enfocam as divisões e conflitos e não o que existe em comum. Segundo Carl Anderson, presidente da organização católica Cavaleiros de Colombo, isso é um erro.


Em seu recente livro, "Beyond a House Divided: The Moral Consensus Ignored by Washington, Wall Street and the Media" ("Para além de uma casa dividida: o consenso moral ignorado por Washington, Wall Street e a Mídia"), Anderson duvidou da utilidade de uma análise da América do Norte com base nas categorias da direita contra a esquerda ou de Estados vermelhos (os estados que votam mais no Partido Republicano) contra os Estados azuis (que votam mais no Partido Democrata).

Durante os últimos dois anos, os Cavaleiros de Colombo analisaram as visões e valores da população através de uma série de pesquisas. Os temas abordados incluíram casamento e divórcio, aborto, eutanásia, casamento homossexual e o papel da ética nos negócios e na política. Segundo Anderson, as entrevistas têm encontrado uma unidade surpreendente entre muitos norte-americanos com base em valores morais e éticos.

A mídia apresenta a América em tempo de crise - seja uma crise econômica, uma crise de guerra ou uma crise de imigração -, mas sob o impacto econômico, social e político está uma crise moral. Mais de dois terços dos americanos acreditam que a moralidade do país tem tomado uma direção errada, disse Anderson.

Esta é a principal causa da desilusão das pessoas com relação às instituições e partidos políticos. "Os políticos e os meios de comunicação veem um mundo de esquerda e direita", observou Anderson. Em contraste, "os americanos veem o mundo do bem e do mal".

Como outros comentaristas têm observado sobre o norte-americano contemporâneo, Anderson mostrou que o país tem um elevado nível de prática religiosa e que muitos dos debates sobre questões sociais e políticas são enquadrados em termos morais ou religiosos. Cerca de 80% das pessoas disseram que a religião é uma parte importante de suas vidas, e mais de três quartos sustentaram que o matrimônio, o respeito pelos outros e a responsabilidade pessoal são subestimados.

O bem e o mal

Voltando à crise econômica duradoura, Anderson disse que muitas pessoas perderam as suas poupanças e pensões, ou foram forçadas a deixar suas casas. No entanto, na maioria dos casos, nenhuma lei foi violada e ninguém foi responsabilizado. É um problema de legislação inadequada ou, mais fundamentalmente, a falta do bem e do mal, uma falência moral por parte dos investidores e gestores de dinheiro?

Uma pesquisa mostrou que 92% das pessoas acreditam que a ganância foi o principal fator que causou a crise econômica. Apesar disso, os dois principais partidos políticos se concentraram em mais regulamentações e mais legislação, ignorando o consenso de que foi um problema que não pode ser resolvido apenas com mais leis.

A ganância pode sempre encontrar uma outra escapatória, comentou Anderson, razão pela qual limitar a solução apenas à criação de meios legais significa que estamos condenados a um interminável jogo. O que as pessoas querem hoje é um apelo à moralidade por ambos os líderes, econômicos e políticos, acrescentou.

A natureza humana é capaz de ambos, a cobiça e o altruísmo, afirmou Anderson. Por isso, é necessário ir além de um sistema econômico baseado exclusivamente em interesse próprio. É preciso, no entanto, desafiar as pessoas de pensar sobre as consequências de suas ações.
A preocupação com o bem comum e a prática da virtude ajudaria muito a garantir um sistema em que o lucro não seja à custa dos outros, disse Anderson.
A esmagadora maioria das pessoas quer que as decisões empresariais sejam orientadas por escolhas morais. Cerca de dois terços dos americanos acreditam que os valores religiosos têm o seu lugar na hora de influenciar as decisões dos executivos, e até mesmo um número maior de executivos - 70% - concordou com isso.

Uma situação similar existe na política. A maioria das pessoas está cansada de querelas políticas e acredita que os políticos perderam o contato com o povo. "A questão da polarização política não é um problema para a maioria de nós, embora seja para muitos políticos e peritos; não somos totalmente vermelhos ou totalmente azuis", observou Anderson.

Descontentamento

Além disso, mais de 80% das pessoas acham que os políticos estão tendo a bússola moral da nação na direção errada - um elevado nível de insatisfação também em relação à mídia e à indústria do entretenimento.

Os americanos tendem a favorecer um papel limitado do governo, não só por causa de uma preferência de sempre pelo indivíduo, mas também pela convicção de que a elite de Washington não concorda com os valores éticos da maioria da nação, constatou Anderson. Não é difícil para os políticos descobrir quais são os valores e as preocupações das pessoas: precisam apenas ouvir, afirmou.

Um tema que tem causado divisão há anos é o aborto. Na superfície, parece que o debate é uma amarga divisão entre a postura pró-vida e atitude a favor do direito de decidir.

As pesquisas mostram, entretanto, uma clara preferência por uma lei do aborto que seja mais restritiva do que a situação atual, na qual não há limites na hora de realizar abortos. Cerca de 80% dos americanos estão a favor de uma situação em que o aborto seja limitado ao primeiro trimestre, observou Anderson. Apenas 16% dos homens e 11% das mulheres dizem que o aborto deveria ser legal a qualquer momento.

Assim, em vez de um choque de posições absolutas há, de fato, um grau surpreendente de consenso. "Esse consenso moral - de que o aborto pode e deve ser restrito - deve ser o ponto de partida para resolver o impasse político do aborto", disse Anderson.

Em outro tema quente do debate - o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo -, as reportagens da mídia dão a impressão de que a opinião pública está dividida ao meio. A pesquisa dos Cavaleiros de Colombo revela, no entanto, que, quando recebem uma gama completa de opções - "casamento" de pessoas do mesmo sexo, uniões civis ou a negação de reconhecimento legal -, 38% são a favor de não dar qualquer tipo de reconhecimento legal, 28% apoia as uniões civis e, dessa forma, quase dois terços discordam de uma redefinição do casamento.

Este apoio à visão tradicional do casamento é evidente no fato de que os eleitores em 31 estados apoiaram as alterações que definem o casamento como somente entre um homem e uma mulher, disse Anderson. Em todos os lugares onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado, isso ocorreu por decisões de juízes ou políticos, e não pelo público.

As atuações jurídicas precipitadas, como aconteceu com o aborto no caso Roe versus Wade, seriam um grave erro, advertiu Anderson, e levariam a mais divisões que as existentes atualmente no debate nacional sobre o tema do casamento homossexual.

Divisão

No capítulo final do livro, Anderson mostra que é inegável que existe uma divisão de valores entre os americanos e os que estão no governo. Há também uma divisão entre o consenso da maioria dos cidadãos em muitas questões, e a tendência habitual da mídia a apresentar o debate como um conflito entre as posições extremas.

O regresso a valores morais tradicionais como meio de resolver as crises econômicas e sociais do nosso tempo é o caminho no qual aposta a grande maioria dos americanos. "Somos um povo unido por valores, uma nação que respeita aqueles que doam seu tempo para os outros e as organizações que facilitam essas atividades", disse Anderson.

Chegou a hora de que os políticos vejam este consenso e vão além do impasse que caracteriza os debates sobre várias questões, insistiu.

Anderson também sugeriu que o debate sobre questões de política econômica ou social seja caracterizado por um maior grau de caridade, respeito e cortesia. Em geral, este pequeno livro, de apenas uma centena de páginas, lança um apelo a reconhecer a base de sólidos valores que continua unindo a maioria dos americanos.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

24 de Janeiro - Dia de São Francisco de Sales



Este santo nasceu no Castelo de Sales em 1567. Sua mãe, uma condessa, buscou formá-lo muito bem com os padres da Companhia de Jesus, onde, dentre muitas disciplinas, também aprendeu várias línguas. Muito cedo, fez um voto de viver a castidade e buscar sempre a vontade do Senhor. Ao longo da história desse santo muito amado, vamos percebendo o quanto ele buscou e o quanto encontrou o que Deus queria. 

Mais tarde, São Francisco escreveu “Introdução à vida devota” e, vivendo do amor de Deus, escreveu também o “Tratado do amor de Deus”.

Atacado por uma tentação de desconfiar da misericórdia do Senhor, a resposta ele buscou com o auxílio de Nossa Senhora; por isso, foi dissipada aquela tentação. Estudou direito em Pádua, mas, contrariando familiares, quis ser sacerdote. E foi um sacerdote buscando a santidade não só para si, mas também para os outros.

No seu itinerário de pregações, de zelo apostólico e de evangelização, semeando a unidade e espalhando, com a ajuda da imprensa, a sã doutrina cristã, foi escolhido por Deus para o serviço do episcopado em Genebra. Primeiro, como coadjutor, depois, sendo o titular. Um apóstolo do amor e da misericórdia. Um homem que conseguiu expressar, com o seu amor e a sua vida, a mansidão do Senhor.

Diz-se que, depois de sua morte, descobriu-se que sua mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo, porque, com seu temperamento forte, preferia arranhar a mesa a responder sem amor, sem mansidão para as pessoas.

É o fundador da Ordem da Visitação e também um exemplo para tantos religiosos como os salesianos de Dom Bosco. Eles são chamados assim por causa do testemunho de São Francisco de Sales.

Ele morreu com 56 anos, sendo que 21 deles foram vividos no episcopado como servo para todos e sinal de santidade.

Peçamos a intercessão desse grande santo para que, numa vida devota e vivendo do amor de Deus, possamos percorrer o nosso caminho em busca de Deus em todos os caminhos.

São Francisco de Sales, rogai por nós!

“A Papisa”, história de um papa que jamais existiu

Desde a antiguidade, os romanos sempre adoraram uma boa farsa. De Plauto a Neri Parenti, mulheres fantasiadas de homens, personagens de clichê e bufões têm deleitado os habitantes da Cidade Eterna.

O novo filme alemão “A Papisa”, que estréia nesta semana nos cinemas italianos, porém, esquivou-se do âmbito da comédia para apresentar a história fictícia de um Papa do sexo feminino, numa narrativa longa e cansativa que nos faz lembrar os Monty Python com nostalgia.

“A Papisa” baseia-se no livro homônimo da escritora norte-americana Donna Woolfolk Cross. Publicado em 1996 após “sete anos de pesquisas”, narra uma fábula com suficientes viradas grotescas para ser digna dos irmãos Grimm.

A história gira em torno de Joana, uma jovem criada na Alemanha do século IX por um sacerdote que se recusava a reconhecer suas qualidades intelectuais, uma vez que “sob a perspectiva católica”, as mulheres seriam inferiores.

Este último aspecto, destacado pelos múltiplos maus-tratos sofridos pela protagonista, evidencia a convicção pessoal da autora da “evidente carência da Igreja católica” de um toque feminino.

Joana cresce travestida de homem, e mediante uma série de incidentes providenciais, chega a Roma, onde, graças às suas aptidões médicas únicas, seu alter ego, "Giovanni Anglicus", torna-se confidente do Papa Sérgio II (844-847). Com a morte prematura do Pontífice, provocada por intrigas, "Giovanni Anglicus" torna-se Papa por aclamação popular.

Joana dedica-se então a uma série de reformas, que incluem a implementação das “escolas catedrais” para mulheres (ainda que, na verdade, tais escolas só fossem surgir dois séculos mais tarde), a reforma dos aquedutos e melhorias na vida cívica. Obviamente, a missa, a oração e os sacramentos não tem lugar na vida atarefada de Joana, e o filme não faz menção a uma possível ordenação de "Giovanni Anglicus".

Seu breve pontificado encerra-se com sua morte, durante a procissão do Domingo de Páscoa, em razão de um aborto. Seu nome teria sido então apagado do Liber Pontificalis por vingança.

O filme apresenta uma típica visão do pontificado como uma corporação, na qual uma mulher pode exercer o papel de “diretora executiva” como qualquer homem. As cenas sensuais que retratam a relação de Joana com seu amante, o Conde Gerold (interpretado por David Wetham, o “Faramir” de “O Senhor dos anéis”), lembram cenas de “Sex in the City”.

A lenda da Papisa Joana nasceu há cerca de 800 anos, e é atribuída aos hereges cátaros. Há muitas discrepâncias nas diferentes versões: algumas dizem que teria sido eleita em 847, outras falam em 1087; algumas afirmam que seu nome era Joana (Giovanna), outras Agnese ou Giberta; o que é certo é que não há registros anteriores a 1250 da história, quando a Crônica Universal de Menz a menciona pela primeira vez.

O mito foi retomado pelos protestantes no século XVI e divulgado a fim de danificar a imagem do pontificado. David Blondel demonstrou a falsidade da história em uma série de estudos publicados em Amsterdã em 1650.

Como a maior parte dos filmes anti-católicos, “A Papisa” faz uso livre das palavras de São Paulo sobre as mulheres, a fim de sustentar que a Igreja as tem oprimido desde as origens. Ignora, por exemplo, que a mais antiga universidade do ocidente - a Universidade de Bolonha - já admitia estudantes mulheres desde o início de suas atividades, em 1088.

O filme se toma muito a sério, mas o resultado são 2 horas e 19 minutos de tédio. Na tentativa de resgatar o expectador do estado de torpor, quando a história é transportada para Roma, as cenas rurais desaparecem para dar lugar à suntuosa corte papal, enquanto os aposentos (situados erroneamente em São Pedro e não em São João Latrão) ostentam brilhantes colunas de mármore negro e um leito papal faraônico, com cortinas de veludo e estátuas douradas.

Embora o filme ainda não tenha encontrado um distribuidor nos EUA, estreou na telas italianas a tempo para as comemorações de São Pedro e São Paulo; e enquanto o mundo celebrava o testemunho daquele que foi o primeiro Papa, seus expectadores puderam acompanhar a história de um papa que jamais existiu.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Arte como instrumento da espiritualidade: a perspectiva

A grande mística de São Francisco, no início do século XIII, dá uma preciosa contribuição também ao âmbito artístico, revalorizando de forma original e vigorosa, a experiência da vista como uma autêntica experiência espiritual. Esta inovação forma parte da renovação generalizada vivida e alcança pelo Santo de Assis. De fato, no contexto da sobriedade austera da vida monacal, São Bernardo de Claraval, na metade do século anterior, sabiamente expunha sua preocupação com a possibilidade de que a beleza das imagens esculpidas, expostas nas igrejas, pudesse distrair os monges da meditação sobre as Escrituras.

São Francisco, no entanto, escreve e prega dirigindo-se a todos, cultos e incultos. Propõe um tipo de meditação que parte da contemplação da criação para chegar às dores da cruz. Exatamente em tal meditação aparece a grande inovação artística e espiritual da sagrada representação do Natal: o presépio de Greccio. A proposta litúrgico-espiritual do presépio coloca no centro da experiência espiritual o sentido da visão, como meio eficaz para a contemplação. Ademais, o realismo representativo converte-se em uma forma de participação afetiva dos fiéis nos fatos narrados nos Evangelhos. A vista vem exaltada como um sentido espiritual e a representação artística como um instrumento de espiritualidade.

A questão das imagens se enfrenta explicitamente no Capítulo geral da ordem franciscana, presidido por Boaventura de Bagnoregio, em Narbona, 1260. Nas Constituições, vem afirmado que as pinturas e as esculturas que decoram as igrejas não devem possuir elementos “supérfluos” ou “insólitos”. A imagem não deve, portanto, incitar a fantasia, ou servir ao sentimentalismo, mas deve ser sóbrio instrumento de devoção, de meditação e de formação. Como confirmação disso, assistimos ao adorno, no interior das igrejas de toda a ordem, de obras artísticas de linguagem narrativa, rica em detalhes realistas: as imagens, assim como o presépio de Greccio, devem fazer presente o evento evangélico e, sobretudo, devem ajudar o fiel a estar presente, ele mesmo, no sagrado evento.

Uma consequência clara deste clima artístico é o retábulo do altar que representa São Francisco e seis episódios de sua vida, de Boaventura Berlinghieri, realizado em 1235 para a igreja de São Francisco em Pescia; vemos, portanto, que a característica narrativa é o centro da representação pictórica, assim como a descrição da natureza e dos animais.
Este tipo de imagem se define em termos pictóricos como o “realismo” narrativo da Vita Prima, escrita por Tommaso da Celano, que invade as posteriores biografias. O sentido realista da narração se converte em uma característica da espiritualidade ocidental, e não só aparece no âmbito franciscano e nas artes figurativas: por exemplo nas Laudes do franciscano frei Jacopone da Todi ou também nas Meditationes Vitae Christi, texto amplamente distribuído, em que a vida de Cristo narrada nos Evangelhos se traduz em imagens ricas em detalhes; também a Legenda Aurea, escrita no século XIII pelo bispo dominicano Jacopo da Varazze, exprime a necessidade narrativa e se converte, por outro lado, em um instrumento de realismo artístico. De fato a Legenda Aurea é, sem dúvida, uma das maiores fontes iconográficas para os artistas durante todo o século XVII.

A exigência espiritual de representar a realidade corpórea e de contar os eventos históricos, de modo que sirvam para a pregação e a meditação, implicam uma lenta revalorização da arte a favor de uma maior capacidade mimética. Neste contexto artístico e espiritual, o fundo com pão de ouro, típico nos ícones bizantinos, destinado a fazer presente uma dimensão espiritual atemporal, está considerado menos adequado para a reprodução dos atos narrados nos textos sagrados. Aparece também a vontade de representar de maneira visível e efetiva a “contemporaneidade” dos fiéis com as narrações evangélicas; por isso Cristo e os santos aparecem presentes no meio dos fiéis, e, por sua vez, os fiéis vivem, através de uma dimensão espiritual “afetiva”, uma maior implicação contemplativa.

Este matiz espiritual está presente também nos textos devocionais, e está explicitamente abordado em trabalhos teóricos como o Mitrale, de Dom Sicardo, bispo de Cremona, que, refletindo sobre a tridimensionalidade das esculturas, conclui que estas, concretamente por seus grandes relevos, são percebidas como algo presente e familiar para os fiéis, convidando-os a ações virtuosas, graças a sua natureza. Também o dominicano Tomás de Aquino fomenta o uso das imagens, não só como instrumento de formação para os incultos, mas também para provocar nos fiéis uma maior devoção. No Rationale, escrito por um canonista da Cúria Romana, Dom Guillelme Durand, bispo de Mende, se explicita que a imagem é superior à escritura, porque implica a participação da vista.
A complexidade destes elementos, nascidos no âmbito espiritual e pastoral, é absorvida pelos artistas que colaboram na construção de novas igrejas e catedrais. A exigência de representar o mundo real com uma adequada capacidade mimética se traduz em uma maior atenção às luzes e sombras para representar melhor os volumes dos corpos; isso sucede por exemplo na obra de Giotto e de seus seguidores.

Sobretudo a espiritualidade do século XIII implica uma particular construção geométrica do espaço representado, capaz de fazer presente a cena. É nesse ponto que aparece a perspectiva. A prova desse fato histórico pode-se encontrar na Basílica superior de Assis, nos afrescos que se interpõem cronologicamente entre as decorações mais antigas e as intervenções decorativas de Giotto, como também os afrescos que reproduzem Le storie di Isacco.

O autor, conhecido como Maestro di Isacco, realiza, de fato, uma maravilhosa representação do espaço, demonstrando que possui uma técnica complexa de perspectiva. Só se encontra este modo de conceber o espaço em seu contemporâneo Arnolfo di Cambio. Uma hipótese fascinante e avançada para seu tempo (de A. M. Romanini), afirma que o Maestro di Isacco é o próprio Arnolfo, ou seja, o inventor da perspectiva moderna. Em todo caso, é evidente que a grande motivação que a perspectiva supõe aparece na pintura por motivos de ordem espiritual, para fazer presentes os eventos sagrados e para envolver os fiéis da época nos atos narrados.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Fé e espírito missionário: essência da santidade de João Paulo II

A fé na presença de Deus e o espírito missionário: estes são os segredos do exemplo de santidade que o Papa João Paulo II deixou ao mundo.


Disso está convencido o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que, em entrevista ao L'Osservatore Romano, comentou a beatificação do Pontífice polonês, marcada para o dia 1º de maio.

Segundo o cardeal, a primeira atitude de João Paulo II é "uma fé forte na presença de Deus na história, porque a encarnação é séria, eficaz, vence o mal: a graça da presença eucarística do Senhor supera todas as barreiras e os regimes desumanos" disse ele, lembrando que o saudoso Pontífice "viveu os regimes nazista e comunista, e viu a implosão e a destruição de ambos".

"A segunda atitude é o seu grande espírito missionário. As viagens do Papa eram uma verdadeira atividade missionária, propriamente dita. Ele viajou até aos confins da terra para proclamar o Evangelho de Cristo."
Sobre a análise do milagre - a cura da freira francesa Marie Simon Pierre Normand, que sofria do Mal de Parkinson -, o cardeal Amato disse que o fato "foi estudado com muito cuidado, inclusive com meticulosidade, eu diria, porque houve uma grande pressão da mídia sobre este processo".

"Além disso, nestes dois últimos séculos, tivemos uma série de Bispos de Roma nos quais a santidade foi reconhecida em vários graus: Pio X, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I", afirmou.

Interpelado sobre alguma lembrança pessoal de João Paulo II, o cardeal Amato disse que tinha "um grande sentido de amizade, de respeito".

"Ele me escolheu como secretário da Congregação para a Doutrina da Fé. Ordenou-me bispo em 6 janeiro de 2003: nós éramos 12, os últimos a receber a ordenação episcopal do Papa Wojtyla. Tínhamos uma reunião mensal, como secretário da Doutrina da Fé, solicitada pelo então cardeal Ratzinger, que foi meu superior direto. E João Paulo II escutava muito, sempre escutava."

"O que mais me chamava a atenção era essa capacidade de escutar. Nós falávamos, ele ouvia. E só depois, quando estávamos no almoço, é que ele fazia seus comentários - concluiu o cardeal. Era evidente a sua vontade de compreender."

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

20 de Janeiro - Dia de São Sebastião


Dados Pessoais

Nascimento: 256
Falecimento: 286
Padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro


História

De acordo com Actos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal - a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado no rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Irene (Santa Irene), apresentou-se novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte. Seu corpo foi jogado no esgoto público de Roma. Luciana (Santa Luciana, cujo dia é comemorado em 30 de Junho) resgatou seu corpo, limpou-o, e sepultou-o nas catacumbas.

Existem inconsistências no relato da vida de São Sebastião: Historicamente o edito que autorizava a perseguição sistemática dos cristãos pelo Império foi publicado apenas em 303 (depois da Era Comum), pelo que a data tradicional do martírio de São Sebastião parece um pouco precoce. O simbolismo na História, como no caso de Jonas, Noé e também de São Sebastião, é vista, pelas lideranças cristãs atuais, como alegoria, mito, fragmento de estórias, uma construção histórica que atravessou séculos.

O bárbaro método de execução de São Sebastião fez dele um tema recorrente na arte medieval - surgindo geralmente representado como um jovem amarrado a uma estaca e perfurado por várias setas (flechas); de resto, três setas, uma em pala e duas em aspa, atadas por um fio, constituem o seu símbolo heráldico.
Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge na Baixa Idade Média, designadamente nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. Embora os seus martírios possam provocar algum ceticismo junto dos estudiosos atuais, certos detalhes são consistentes com atitudes de mártires cristãos seus contemporâneos.

Festejos em homenagem a São Sebastião

No Brasil, ele é celebrado com festas e feriados no dia 20 de janeiro como padroeiro de várias cidades:
  • Acre: Xapuri.
  • Bahia: Alcobaça, Caravelas, Itambé, Trancoso, Cumuruxatiba e Maraú.
  • Ceará: Apuiarés, Choró, Ipu, Monsenhor Tabosa, Mulungu, Nova Olinda e Pedra Branca.
  • Goiás: Rio Verde e Palmeiras de Goiás.
  • Mato Grosso: Alto Garças.
  • Mato Grosso do Sul: Maracajú.
  • Minas Gerais: Andrelândia, Montes Claros, Alpinópolis, Carlos Chagas, Andradas, Cruzília, Coronel Fabriciano, Brumadinho, Leopoldina, Bom Jardim de Minas, Lagoa Dourada, São Sebastião do Paraíso, Papagaios, Pedralva e Salto da Divisa.
  • Pará: Altamira e Parauapebas.
  • Paraíba: São Sebastião de Lagoa de Roça, Picuí e São Bento.
  • Paraná: Paranavaí, Sengés, Jacarezinho, Andirá e Rio Branco do Sul.
  • Pernambuco: Caruaru, Jataúba, Limoeiro, Cabo de Santo Agostinho, Belo Jardim, Ouricuri e Lagoa de Itaenga.
  • Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Barra Mansa, Três Rios, Aperibé e Araruama.
  • Rio Grande do Norte: Caraúbas, Equador, Governador Dix-Sept Rosado, Encanto, Parelhas e Florânia.
  • Rio Grande do Sul: Bagé, São Sebastião do Caí e Venâncio Aires.
  • Santa Catarina: Anitápolis, Sombrio, Bom Retiro , São Ludgero e Painel.
  • São Paulo: São Sebastião, Andradina, Cajamar, Coroados, Valinhos, Ibiúna, Suzano, Porto Ferreira, Presidente Prudente, Pederneiras, Borborema, Ribeirão Preto, Rio Grande da Serra e Pirajuí.

O mundo precisa do nosso testemunho forte

O Papa dedicou sua catequese de hoje à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, na audiência geral realizada na Sala Paulo VI, com peregrinos do mundo inteiro.
"Como discípulos do Senhor, temos uma responsabilidade comum para com o mundo, devemos fazer um serviço comum", exortou.
Falando do tema da Semana de Oração, de 18 a 25 de janeiro, o Pontífice destacou o modelo dos primeiros cristãos, segundo narra o livro dos Atos dos Apóstolos.
"Como a primeira comunidade cristã de Jerusalém, partindo do que já compartilhamos, devemos oferecer um testemunho forte, espiritualmente baseado e apoiado pela razão, do único Deus que se revelou e que nos fala em Cristo, para ser portadores de uma mensagem que oriente e ilumine o caminho do homem da nossa época, frequentemente privado de pontos de referência claros e válidos", afirmou.
Para isso, indicou a importância de "crescer diariamente no amor mútuo, empenhando-nos em superar essas barreiras que ainda existem entre os cristãos; sentir que há uma verdadeira unidade interior entre todos aqueles que seguem o Senhor; colaborar, tanto quanto possível, trabalhando em conjunto sobre questões ainda abertas; e, acima de tudo, estar cientes de que, neste itinerário, o Senhor deve nos ajudar".
E convidou a perseverar na oração, "implorando de Deus o dom da unidade, para que se cumpra no mundo inteiro seu desígnio de salvação e de reconciliação".

Os primeiros cristãos

O Papa explicou as quatro características que definem a primeira comunidade cristã de Jerusalém como "um lugar de unidade e de amor" e extraiu lições para a atualidade.
Esta comunidade se caracterizava pela "escuta do ensinamento dos apóstolos" e pela "comunhão fraterna"; e nela "também era essencial o momento da fração do pão" e "a oração" como uma atitude constante que acompanha a vida cotidiana, disse.
Sobre a escuta do testemunho que os apóstolos dão da missão, morte e ressurreição de Cristo, o Papa destacou que, "ainda hoje, a comunidade dos crentes reconhece, na referência ao ensinamento dos Apóstolos, a própria norma de fé".
"Todos os esforços feitos para construir a unidade entre os cristãos passam pelo aprofundamento da fidelidade ao depositum fidei que recebemos dos Apóstolos - explicou. A firmeza na fé é a base da nossa comunhão, é o fundamento da unidade dos cristãos."
Em segundo lugar, qualificou a comunhão fraterna como "a expressão mais tangível, especialmente para o mundo exterior, da unidade entre os discípulos do Senhor" e recordou que os primeiros cristãos "tinham tudo em comum".
Neste sentido, sublinhou que "a história do movimento ecumênico é marcada por dificuldades e incertezas, mas é também uma história de fraternidade, de colaboração e de comunhão humana e espiritual".
Quanto à fração do pão, indicou que "a comunhão no sacrifício de Cristo é o ponto culminante de nossa união com Deus e, portanto, também representa a plenitude da unidade dos discípulos de Cristo".
Neste sentido, destacou que, "durante esta semana de oração pela unidade, está particularmente vivo o lamento pela impossibilidade de partilhar a mesma mesa eucarística, um sinal de que ainda estamos longe de alcançar a unidade pela qual Cristo orou".
Finalmente, afirmou que "a oração é, desde sempre, uma atitude constante dos discípulos de Cristo, que acompanha sua vida diária em obediência à vontade de Deus".

Único corpo

Bento XVI recordou que "a Igreja abraça desde o começo as pessoas de diversas origens e, no entanto, justamente a partir dessas diferenças, o Espírito cria um único corpo".
Afirmou que "Pentecostes, como o início da Igreja, marca a expansão da Aliança de Deus a todas as criaturas, a todos os povos e a todas as épocas, para que toda a criação caminhe rumo ao seu verdadeiro objetivo: ser lugar de unidade e de amor".
E concluiu com um convite: "Abramo-nos à fraternidade que deriva de ser filhos de um Pai celeste e, portanto, a estar dispostos ao perdão e à reconciliação".

Está Aberto

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Hoje estou criando este blog, para que vocês, que como eu, são cátolicos.
O principal objetivo é divulgar a todos os brasileiros as novidades de Roma.
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